domingo, 5 de agosto de 2012

Koyaanisqatsi

Eu poderia me perder entre as tardes e as sombras, tomando banho de verdes tons no bosque da minha alma. E por lá me isolar dos sonhos e das cores que me consolam à noite, porque o consolo do sonho nos trai constantemente... ao acordar, a realidade é diferente. Ausentam-se a paz e a graça do sonho, as cortinas brancas que se abrem para o céu e aquela pessoa tão distante, de repente tão perto...
Eu queria poder descansar... lavar o meu corpo com o sal virgem do mar e me perfumar com ervas finas do campo sem que as arrancassem da terra. Ter o sol a me secar e as sementes certas pra eu plantar em volta de mim.
Eu queria não ver ninguém, se não Deus me vigiando sentado sobre a pedra e sua luz enorme dizendo pra mim que vai ficar tudo bem. E que as vozes dos pássaros fossem feitas pra mim e cantassem as mesmas músicas que ouvi quando criança e não me lembro mais, porque a vida também trai, quando entrega o tempo pra fazer esquecer e a saudade como misericórdia.
Depois de me perder, de repente encontrar as manhãs, e junto do sol, encontrar o orvalho das plantas, e não sentir mais sede e nem fome de nada, porque no silêncio do despertar do mundo, quando as preces dos homens comungam entre si, eu estaria saciada de mim mesma.