Quando eu era criança, minha mãe adorava nos fotografar. Naquele tempo, financeiramente, era difícil revelar os filmes, mas guardamos com carinho muitos momentos mágicos do seu olhar registrados em pequenas fotos. A máquina, uma Yashica, era como um objeto proibido, era linda e como eu a desejava. Mas ela estava sempre escondida na parte mais alta do guarda roupa.
Meu tio era fotógrafo em São Paulo e eu era fascinada pelo processo de revelação. Aos treze anos, ele me presenteou com uma máquina, compacta analógica. Talvez eu nunca tenha lhe dito que este foi um dos melhores presentes que recebi na minha vida. Naquela pequena máquina, eu podia dizer ao mundo de como eu via as coisas e as pessoas... eu fazia arte e não sabia. Fotografei amigos e pessoas que eu amo até hoje. Pessoas que nunca mais eu vi e sinto saudades.
Uma vez, eu conheci uma pessoa em Salvador, mas eu sabia que nunca mais a encontraria. Fotografei-a. Era o único jeito de eu leva-la comigo, pra sempre. Mas quando eu mandei revelar o filme, as fotos estavam todas perdidas. Eu tive que me contentar com a minha própria memória e, mesmo que o tempo tenha passado e a gente tenha se esquecido, eu guardei aqueles momentos pra eternidade.
Com o passar do tempo, é claro, eu continuei a conhecer pessoas. Todas elas especiais de alguma forma. Uma por uma eu fotografei. Estão nas páginas dos meus álbuns antigos e, inevitavelmente, na memória e no coração.
Fotografar profissionalmente, sempre foi um sonho. E hoje eu o realizo, aprendendo todos os dias sobre essa nova arte, praticando com prazer a minha nova paixão. E deixo aqui registrado o quanto estou feliz por fazer o que eu amo, por fazer arte, por deixar no mundo um pouco do meu olhar.
Obs.: A velha Yashica hoje é minha. Presente da minha mãe.
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