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quarta-feira, 24 de agosto de 2011
A lua e o mar
No meu quarto tem estrelas guardadas na escuridão dos olhos fechados
quando é noite e eu não posso dormir
porque o cansaço não me deixa repousar
e no céu do meu quarto tem passarinhos voando
aqueles com ramos nos bicos
outros com cartas pra mim
E eu também tenho asas pra desbravar o mundo
que estranho
que ternura de mundo a se revelar
Sim, eu fecho os olhos e aí eu posso ver
grilos
ouvir os curimins cantando nas florestas
em volta da fogueira
Levanto as mãos e alcanço
um pedaço de nuvem do céu
eu provo, é doce
eu sabia
Ponho o pé no chão
areia
mar
e perto do mar
um barquinho branco feito de papel
foi minha mãe que fez pra mim
navego no barquinho de papel
até a lua
e quem foi que disse que a lua não encontra o mar?
Nossa Senhora quietinha
ninando Jesus Cristo
e eu que pensava
que era São Jorge que vivia lá
Abro os olhos e não há mais nada
só a mesma fronha do travesseiro
o quadro na parede
o vento pela janela
e a televisão desligada.
Alice Xavier
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Muita ternura. Lindo. Desses de a gente ler com um sorriso constante no rosto.
ResponderExcluirLindo, doce, leve, suave, mas também forte e determinado. Seus escritos são sempre um convite a uma viagem além da imaginação. E quando é um poema, então... aí a gente transcende para outros lugares da alma.
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