O Brasil é assim, entre marchas e alegorias,
o meu país favorito.
Não está livre das guerras,
dos casos hediondos de violência,
da justiça tão pouco feita,
no entanto, engrandece o meu coração de filha
dessa pátria que, pelos que merecem,
cresce no sentimento ímpar de lealdade
Importa-me a corrupção do país
dos políticos malfeitores
e dos que morrem de fome
mesmo tentando
com enxadas e mãos
a colheita necessária do pão
Importa-me seus desaparecidos
desde a guerra da ditadura
até a a maldade crua dos
que perseguem os pequeninos
Porém
engrandece-me a alma
grandes nomes da música
da arte
a literatura em versos
brasileiros
cotidianos
sobre as casinhas velhas de barro
ou a saudade
ou os amores
da simplicidade do coração.
O hino
a mão sobre o peito
retumbante
As águas deslumbrantes
a seca
o cerrado em flor
o pé do samba
da moça negra
do índio
pé de tudo que dá fruto
Brasil a tua cara
se escancara no meu sonho
passear sobre tua estrada
teus mares
teus rios
tua areia quente
nos meus pés sempre virgens
a esperar a nova aventura
tua cultura
tua história
teu povo agreste
teus contos
tuas músicas
teu folclore
a sombrinha colorida debaixo do sol
o boneco dançante
as senhoras de branco
as igrejas lavadas
o choro da fé
Ó Pátria amada
idoltrada salve salve,
quem são aqueles
que te envergonham
e não levantam sua bandeira
jogando os próprios filhos
pela janela
as próprias mães pelas mãos..
A tua orquestra
de herois
te figuram o mais belo dos belos
o Cristo Redentor
de braços abertos...
Teus risonhos lindos sonhos
são também meus
na fé de que guardas
em divina casa
o teu melhor vinho
a mesa farta
de justiça
e igualdade.
Brasil,
meu velho guerreiro
canção emocionada
da esperança,
os filhos teus não fogem à luta.
Pátria amada Brasil!
Protegido pelos direitos autorais regido pela lei n° 9.610, de 19 de fevereiro de 1998.
sexta-feira, 26 de março de 2010
quarta-feira, 10 de março de 2010
Fazendinha da vó Raminha
Cheiro de flor
é canto de bem te vi
na porteira
em dia de chuva
a gente sente
perfumar tudo
grama molhada
lama
flor machucada
barulhinho ruim
aquele
da porteira abrindo
dia de chuva
a gente sente
escuta longe
bem te vi cantando
porteira
gado no curral
olha o tempo na varanda
sente o cheiro do pito
do vô
tudo é cheiro:
o do pito dói nas narinas
água de coco
coquinho que não sei o nome
siriguela
cavalo manso
pé de goiaba
tanto o que fazer
vovó enche o saco de farinha
anda com teus passos gordos
faz biscoito até o meio dia
cheiro de queijo
de polvilho
de bolo de arroz no forno
Rita, o feijão tá queimando!
Refoga o milho
Brasil quer café!
acordo cedo
caminho na estrada
até a represa
saudade do leite tirado na hora
às cinco da manhã
ouço gritos
meninada correndo
de cocota* presa na porta
por uma linha comprida
vontade de voltar pra cidade
e assistir televisão
vontade de voltar pra fazenda
e escrever poemas
de sertão
vontade
saudade
silêncio
cheiro
fumaça
barulho
trovão
cachaça
naftalina
retrato
carta
porteira
cinzeiro
grilo
morcego
córrego
laranja
galinha
cozinhadinha
panela queimada
bica
paçoca
cural
milho verde
chuveiro gelado
banho de bacia
pedra sabão
baú
cama de meu pai...
de repente...
cheiro de flor.
Alice Xavier
______________________
*cigarra
Assinar:
Postagens (Atom)