Uma festa da família Maciel (família de meu pai) foi realizada em Crixás. Este foi o texto que escrevi para homenagear o meu bisavô José Maciel, figura importante da nossa família. Foi um prazer conhecer essa história e poder escrevê-la em algumas palavras.
Infelizmente, não pude estar presente com vocês neste dia. Peço desculpas, mas deixo, com muito carinho a minha sincera e simples homenagem.
Nasci com uma paixão incrível pela música, pela arte e pelas histórias e, sinceramente, não sabia de onde tinha herdado. Sou apaixonada pelo som da sanfona e das cantorias com viola ou violão, tenho mania de desenhar e de caderninho de anotação. Contar histórias, escrever cartas, textos e poesias... minha dedicação.
Eu conhecia tão pouco da história de meu bisavô José, porque não pude conviver com o meu pai. No entanto, sempre me interessei pelas histórias de minha família e tenho um grande amor por todos. Guardo a sete chaves as cartas de meu pai, sua voz em uma fita antiga, escrevo-lhe poemas em noites de solidão, choro quando tio Ailton me liga e contemplo fotografias antigas como terapia pra alma. Reconheço-me em cada rosto, em cada história, procuro saber o nome, abraço com ternura meus velhos tios e primos e estes últimos, podem ter certeza, são os meus melhores amigos.
“Ah bão, né”... como dizia meu bisavô José, é com orgulho que agora conto um pouco do que aprendi sobre ele.
José Francisco Maciel nasceu em vinte e quatro de junho de mil oitocentos e noventa e três, na fazenda Barreiro Vermelho, Município de Crixás, Goiás. Filho de Ângelo Francisco Maciel e Antonina Laurência Seixas, foi batizado em Crixás por Joaquim Xavier Ferreira e sua esposa Maria do Carmo.
Quando tinha dezesseis anos sentiu-se obrigado a sair de seu lar materno a procura de conquistas e dias melhores. Instalou-se em “Goiás-Velho” onde concluiu o primeiro grau, morando e trabalhando como balconista com o senhor André Batista de Alencar. Passou por Ipameri, Morrinhos e Catalão. Exerceu a profissão de delegado de polícia de quarteirão, balconista, secretário de Engenheiro. Sempre foi querido pelos patrões, com os quais aprendeu muito.
Através do seu trabalho como auxiliar de agrimensor em Pires do Rio e Morrinhos tinha acesso a estrada de ferro. Conhecia pessoas de diversos lugares, trazendo as novidades para nossa cidade. Foi ele quem trouxe a primeira escova de dentes para a região.
José casou-se com Carolina Xavier Ferreira, que passou a se chamar Carolina Xavier Maciel. Residiam em Crixás, onde aprendeu um novo ofício, trabalhando como mestre de obras das construções da Lavra, local de extração de grande quantidade de ouro. E por aí seguiu, laborando como comerciante, sapateiro, boiadeiro e fazendeiro. Trouxe para Crixás muitas novidades para a época, diversas qualidades de frutas e flores (abacate, manga, jabuticaba...), Formou um pomar como o nome de “Quinta”. Foi também o primeiro a fazer cerca de arame farpado no município. O arame foi trazido no lombo de burros e cavalos, pois não havia estradas nem carros.
Foi uma pessoa amiga, muito divertida, gostava de contar histórias e piadas. Tocava flauta, gaita, sanfona e cantava. Gostava de ajudar o próximo. Como naquela época não havia nem médicos nem farmacêuticos, ele medicava os doentes com orientações baseadas no livro chamado: “Guia Prático da Saúde”. Como também não havia professores na região, ele fazia “Cartilha manual”, e ensinava os vizinhos a ler, escrever e contar. Acreditava no futuro, e por isso se empenhava em construí-lo, enfrentando barreiras, inclusive físicas, para contribuir da melhor forma possível. Gostava de se manter informado, principalmente sobre a política de seu país, assunto pelo qual era bastante conhecedor.
José e Carolina casaram-se em 17 de Julho de mil novecentos e dezessete, e em Junho de mil novecentos e dezoito nasceu o primogênito, de muitos filhos, Laudelino Xavier Maciel(falecido), seguido de Nair Xavier Maciel (falecida), Jocelino Xavier Maciel, Jolina Xavier Maciel, Cristiano Xavier Maciel, Leolino Xavier Maciel (falecido), Joaquim Xavier Maciel, Tomaz Xavier Maciel, Arcelino Xavier Maciel (falecido), Jovercina Xavier Maciel (falecida), Antônio Xavier Maciel, Eclair Xavier Maciel, Manuel Xavier Maciel (falecido), Maria Xavier Maciel (falecida), João Xavier Maciel (falecido) e José Maciel Filho.
Era uma família muito alegre, gostavam de festas, de dançar e tocar alguns instrumentos. Tinham em casa cavaquinho, viola, caixa, pandeiro e sanfona. Uma família frondosa que admiro e amo muito, fruto do amor e da perseverança de José Maciel e Carolina.
José Maciel veio a falecer em vinte de dezembro de 1964. Foi bom esposo, filho, pai, sogro, avô e bisavô; Bom amigo e grande conselheiro. Faleceu na Fazenda Santo Antônio da Boa Vista, onde residia. Deixou muita saudade, de filhos, genros, noras, netos, bisnetos e filhos adotivos, demais parentes e amigos.
Creio que haja diversas histórias sobre a vida deste homem que fez história por sua postura inovadora e carismática. É nobre a reunião desta família para recordar e homenagear quem nos dá identidade, raiz, união através da força e do amor. Segundo depoimento do meu tio Ailton, vô José era uma pessoa muito organizada e avançada para a época. Confeccionava botinas e chinelos usados por toda a família. Além de calcados, ele fazia bolsas e cabeçadas (que seriam usadas em cavalos).
Ensinava os filhos a rezar e os reunia ao luar para contar histórias de sentido educativo. Ao contar um caso, parava por um instante, puxava o cigarro de palha para a direita e para esquerda e ao continuar dizia “Abão Né” e prosseguia.
Creio que Vó Carolina não era diferente das outras avós: esperta, brava, mas muito bondosa e carinhosa. Tenho certeza que Tio Zequita e Tio Ailton ainda se recordam, com saudade, do grande banco de Jatobá, onde brigavam pelo colo da vó, na cozinha do Sítio Santo Antônio da Boa Vista.
Vó Carolina, quando viajava, ia na frente com o seu cavalo “Sereno”, um dos cavalos em quem meu pai e meu tio, gostavam de montar. E é assim que imagino o meu bisavô e a minha bisavó: no lombo de um cavalo, ensinando os netos a cavalgarem, rumo ao mundo, em busca de conhecimento e transformação, mas também em busca do sentido da vida, da valorização da família, do amor, de Deus.
Que essa família cresça sempre unida, no amor e no respeito, mas sempre consciente das verdadeiras origens, recordando com carinho e seguindo os bons exemplos do nosso grande homem José Francisco Maciel.
Um grande abraço a todos e que, de uma forma ou de outra, possamos estar sempre juntos. Quem sabe um dia, debaixo de uma árvore, ao luar, pra contar histórias...
Nasci com uma paixão incrível pela música, pela arte e pelas histórias e, sinceramente, não sabia de onde tinha herdado. Sou apaixonada pelo som da sanfona e das cantorias com viola ou violão, tenho mania de desenhar e de caderninho de anotação. Contar histórias, escrever cartas, textos e poesias... minha dedicação.
Eu conhecia tão pouco da história de meu bisavô José, porque não pude conviver com o meu pai. No entanto, sempre me interessei pelas histórias de minha família e tenho um grande amor por todos. Guardo a sete chaves as cartas de meu pai, sua voz em uma fita antiga, escrevo-lhe poemas em noites de solidão, choro quando tio Ailton me liga e contemplo fotografias antigas como terapia pra alma. Reconheço-me em cada rosto, em cada história, procuro saber o nome, abraço com ternura meus velhos tios e primos e estes últimos, podem ter certeza, são os meus melhores amigos.
“Ah bão, né”... como dizia meu bisavô José, é com orgulho que agora conto um pouco do que aprendi sobre ele.
José Francisco Maciel nasceu em vinte e quatro de junho de mil oitocentos e noventa e três, na fazenda Barreiro Vermelho, Município de Crixás, Goiás. Filho de Ângelo Francisco Maciel e Antonina Laurência Seixas, foi batizado em Crixás por Joaquim Xavier Ferreira e sua esposa Maria do Carmo.
Quando tinha dezesseis anos sentiu-se obrigado a sair de seu lar materno a procura de conquistas e dias melhores. Instalou-se em “Goiás-Velho” onde concluiu o primeiro grau, morando e trabalhando como balconista com o senhor André Batista de Alencar. Passou por Ipameri, Morrinhos e Catalão. Exerceu a profissão de delegado de polícia de quarteirão, balconista, secretário de Engenheiro. Sempre foi querido pelos patrões, com os quais aprendeu muito.
Através do seu trabalho como auxiliar de agrimensor em Pires do Rio e Morrinhos tinha acesso a estrada de ferro. Conhecia pessoas de diversos lugares, trazendo as novidades para nossa cidade. Foi ele quem trouxe a primeira escova de dentes para a região.
José casou-se com Carolina Xavier Ferreira, que passou a se chamar Carolina Xavier Maciel. Residiam em Crixás, onde aprendeu um novo ofício, trabalhando como mestre de obras das construções da Lavra, local de extração de grande quantidade de ouro. E por aí seguiu, laborando como comerciante, sapateiro, boiadeiro e fazendeiro. Trouxe para Crixás muitas novidades para a época, diversas qualidades de frutas e flores (abacate, manga, jabuticaba...), Formou um pomar como o nome de “Quinta”. Foi também o primeiro a fazer cerca de arame farpado no município. O arame foi trazido no lombo de burros e cavalos, pois não havia estradas nem carros.
Foi uma pessoa amiga, muito divertida, gostava de contar histórias e piadas. Tocava flauta, gaita, sanfona e cantava. Gostava de ajudar o próximo. Como naquela época não havia nem médicos nem farmacêuticos, ele medicava os doentes com orientações baseadas no livro chamado: “Guia Prático da Saúde”. Como também não havia professores na região, ele fazia “Cartilha manual”, e ensinava os vizinhos a ler, escrever e contar. Acreditava no futuro, e por isso se empenhava em construí-lo, enfrentando barreiras, inclusive físicas, para contribuir da melhor forma possível. Gostava de se manter informado, principalmente sobre a política de seu país, assunto pelo qual era bastante conhecedor.
José e Carolina casaram-se em 17 de Julho de mil novecentos e dezessete, e em Junho de mil novecentos e dezoito nasceu o primogênito, de muitos filhos, Laudelino Xavier Maciel(falecido), seguido de Nair Xavier Maciel (falecida), Jocelino Xavier Maciel, Jolina Xavier Maciel, Cristiano Xavier Maciel, Leolino Xavier Maciel (falecido), Joaquim Xavier Maciel, Tomaz Xavier Maciel, Arcelino Xavier Maciel (falecido), Jovercina Xavier Maciel (falecida), Antônio Xavier Maciel, Eclair Xavier Maciel, Manuel Xavier Maciel (falecido), Maria Xavier Maciel (falecida), João Xavier Maciel (falecido) e José Maciel Filho.
Era uma família muito alegre, gostavam de festas, de dançar e tocar alguns instrumentos. Tinham em casa cavaquinho, viola, caixa, pandeiro e sanfona. Uma família frondosa que admiro e amo muito, fruto do amor e da perseverança de José Maciel e Carolina.
José Maciel veio a falecer em vinte de dezembro de 1964. Foi bom esposo, filho, pai, sogro, avô e bisavô; Bom amigo e grande conselheiro. Faleceu na Fazenda Santo Antônio da Boa Vista, onde residia. Deixou muita saudade, de filhos, genros, noras, netos, bisnetos e filhos adotivos, demais parentes e amigos.
Creio que haja diversas histórias sobre a vida deste homem que fez história por sua postura inovadora e carismática. É nobre a reunião desta família para recordar e homenagear quem nos dá identidade, raiz, união através da força e do amor. Segundo depoimento do meu tio Ailton, vô José era uma pessoa muito organizada e avançada para a época. Confeccionava botinas e chinelos usados por toda a família. Além de calcados, ele fazia bolsas e cabeçadas (que seriam usadas em cavalos).
Ensinava os filhos a rezar e os reunia ao luar para contar histórias de sentido educativo. Ao contar um caso, parava por um instante, puxava o cigarro de palha para a direita e para esquerda e ao continuar dizia “Abão Né” e prosseguia.
Creio que Vó Carolina não era diferente das outras avós: esperta, brava, mas muito bondosa e carinhosa. Tenho certeza que Tio Zequita e Tio Ailton ainda se recordam, com saudade, do grande banco de Jatobá, onde brigavam pelo colo da vó, na cozinha do Sítio Santo Antônio da Boa Vista.
Vó Carolina, quando viajava, ia na frente com o seu cavalo “Sereno”, um dos cavalos em quem meu pai e meu tio, gostavam de montar. E é assim que imagino o meu bisavô e a minha bisavó: no lombo de um cavalo, ensinando os netos a cavalgarem, rumo ao mundo, em busca de conhecimento e transformação, mas também em busca do sentido da vida, da valorização da família, do amor, de Deus.
Que essa família cresça sempre unida, no amor e no respeito, mas sempre consciente das verdadeiras origens, recordando com carinho e seguindo os bons exemplos do nosso grande homem José Francisco Maciel.
Um grande abraço a todos e que, de uma forma ou de outra, possamos estar sempre juntos. Quem sabe um dia, debaixo de uma árvore, ao luar, pra contar histórias...
Alice Xavier
A história de vida do Sr. José Francisco,tão bem escrita pela talentosa Alice,me remete também às minhas raízes,em Crixás,cidade de pessoas tão sábias na sua simplicidade...
ResponderExcluirMARCELA FERREIRA SOUTO
Alice, ficou muito bem escrita a biografia do seu bisavô. Acho que você poderia escrever um romance de época sobre o assunto, pois talento você tem de sobra. Eu já tinha ouvido falar de José Francisco Maciel cá em Pirenópolis e sabia que era um empreendedor de vanguarda, muito além do seu tempo, mas desconhecia sua história completa. Fiquei maravilhado. Meus parabéns pela postagem.
ResponderExcluirPrezada amiga
ResponderExcluirHoje vim lhe agradecer pela sua linda e carinhosa presença lá no meu cantinho, através de um simples selinho, 300 seguidores , feito com muito carinho.
Agradeço-lhe de todo o coração!
Abraço amigo!
Maria Alice
Parabéns, sabia um pouco da história deste grande homem,más a sua biografia nos mostrou a sua passagem por esta terra abençoada (Crixás).
ResponderExcluirRômulo Xavier de Lima.
www.romuloimoveiscrixas.com.br
Nosso bisavô teve uma linda história que é continuada por nós, e tomara
ResponderExcluirque nunca nos afastemos uns dos outros . Cheguei a me arrepiar lendo esta história linda .
Parabéns , você coloca suas emoções na ponta do dedo .Bjs