Não sonhei com você esta noite, mas acordei no meio da noite como se sonhasse. Meus pensamentos, tais como sonhos, me levaram ao seu encontro. Era um jardim escuro, como se a gente se escondesse. Um lugar quase secreto, se não fossem as borboletas noturnas a revelar nosso segredo à noite. Eu não conseguia falar. Fechei os olhos e senti você me tocar. Despiu-me com ternura e o meu corpo não sentiu o frio da noite nem das águas incessantes que de algum lugar faziam um barulhinho bom. Enquanto você me beijava eu sorria como se mais nada no mundo houvessse e tudo aquilo era o que sonhei, desde a mocidade, quando por teu desatino, caí por esse mundo a chorar. Até que não mais lágrimas houveram e a esperança encheu meu peito de saudade. Agora eu estava ali, diante de você, nu em meus braços. Você estava feliz como eu nunca havia visto e dos seus olhos desciam lágrimas de alegria. Quantas estrelas vi cair, como roguei a Deus que a noite não tivesse fim. Minha alma toda se agitou de medo e prazer e você me acalmou com cuidado. Cuidado este que só encontro ao seu lado. E ao seu lado, tão pouco posso. A noite se finda. A realidade é outra. Quanto prazer me deste. Levanto ao sol em meu rosto, ainda ouço o som da noite e sinto seu perfume. O meu corpo é quente e nele ainda há você. Choro profundamente a tua falta, debaixo do meu chuveiro comum. Permaneço taciturna ao decorrer do dia... Por que temos vida após os sonhos?
quando era adolescente de quinze anos tinha receio de bruxas e borboletas voadoras. era carnaval de interior. dois dias de festa pagã e deleitava-me em bocas efémeras, vazias, infláveis, murchas. quando acabará isto? quando viverei realmente para não só respirar? acordo com boca seca e emplasmada de saliva. cabelos ao léo lisos voavam com a brisa matinal. na área busco uma camisa pendurada. gostava de segunda pele. alertaram-me de uma grande borboleta grudada sem opção no tecido. em mãos, olhei por onde meus olhos exploraram. borboleta na camisa? insanamente foco na que vestia... não grito. não me movo. apenas respiro até que em inexperada atitude ela olhou em meus olhos e... sorriu. como uma borboleta sorri para mim? ainda grudadinha em meu peito. voe borboleta. voe que te sigo com os olhos por quais devaneios você desvencilha. voou longe e longe meu pensamento àacompanhou. sorri sozinho. não tinha mais receio de borboleta vi em teu sorriso uma vida real. sorri e ninguém viu. só a borboleta.
ResponderExcluirTexto intenso. De arrepiar e emocionar.
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