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sábado, 24 de dezembro de 2011
Este ano, quero paz no meu coração...
E era pra ser assim dia vinte e quatro de dezembro:
um dia feliz e de paz.
No entanto, acordei em prantos
porque sonhei com meu avô...
sonhar até que é bom
mas acordar, não.
Voltar ao pesadelo da vida
quando a vida parece tirar toda a paz que o Natal merece ter.
Decaí no que me assombra
o meu vício constante
que me perturba tão constantemente
como se me afogasse em desespero
e eu pudesse sentir ao mesmo tempo
gozo e lágrimas
ardendo no meu peito
As escolhas ao longo do tempo
a aceitação
a tal da resignação...
como dóem!
Quando eu era criança e ouvia as pessoas desejarem "paz"
ao dizer, tão mecanicamente,
"Feliz Natal",
eu não entendia o que seria essa palavra
- naquele instante mágico da infância
e na condição sublime de se ter família -
e hoje eu rogo com todas as minhas forças:
"Paz, paz, paz, eu quero paz"
será que o tal "papai noel"
poderia me trazer esse presente
dentro de um sapatinho
na janela do meu quarto?
Eu juro que eu deixo ele lá,
não um sapatinho,
mas o meu sapato tamanho 40
e o meu coração
a se derramar sobre a lua
a espera de paz.
Por que é tão caro a algumas pessoas
dizer - o que quiser -
em tons doces de educação, respeito e carinho?
segunda-feira, 19 de dezembro de 2011
Esperança, Educação!!!!
Tão iludidos... os meus alunos. E tão iludidos os professores, acomodados àquela situação medíocre, aos seus salários de miséria. Tudo o que eles queriam era dar uma boa aula, era fazer com que o aluno gostasse de estar ali, que aprendesse ao menos ler, escrever sua própria história ou fazer as próprias contas. No entanto, o que me dói mais é perceber quão iludida é a sociedade, arraigada nessa cultura hipócrita que a política brasileira impõe, de que a educação é prioridade quando não é jamais; Que entrega cotas depois de massacrar com os péssimos ensinos fundamental e médio; Que desmoraliza ao invés de incentivar, seus pobres brasileirinhos, famintos de oportunidades, de igualdade.
terça-feira, 13 de dezembro de 2011
Adeus Ano Velho
sábado, 10 de dezembro de 2011
Tempo, tempo, tempo, tempo...
sábado, 3 de dezembro de 2011
Oh dúvida cruel!
segunda-feira, 28 de novembro de 2011
Dando satisfação
sexta-feira, 26 de agosto de 2011
Aos meus irmãos de coração, pela vida que nos presenteia...
http://www.youtube.com/watch?v=faqWafcTT6s&feature=related
A doraria abraçar você agora
D aria tudo pra estar ao seu lado
R ogo a Deus neste instante pra que te cubra de bênçãos
I gnoro o tempo ruim e
A bro as janelas da minha casa pra que a vida cante
N orteio os passarinhos pra que te
E ncontre, porque
C ertamente enfeitarão os seus jardins
E farão crescer as flores como na primavera
S erão infinitas as alegrias
A s letras todas rimadas
R odearão sua casa as borboletas
V elarão por ti os anjos todos
I rradiando luz, clareando sempre
D eixo, portanto, meu beijo e minha alegria
A mor, saudade e cantoria.
Alice Xavier
quarta-feira, 24 de agosto de 2011
A lua e o mar
No meu quarto tem estrelas guardadas na escuridão dos olhos fechados
quando é noite e eu não posso dormir
porque o cansaço não me deixa repousar
e no céu do meu quarto tem passarinhos voando
aqueles com ramos nos bicos
outros com cartas pra mim
E eu também tenho asas pra desbravar o mundo
que estranho
que ternura de mundo a se revelar
Sim, eu fecho os olhos e aí eu posso ver
grilos
ouvir os curimins cantando nas florestas
em volta da fogueira
Levanto as mãos e alcanço
um pedaço de nuvem do céu
eu provo, é doce
eu sabia
Ponho o pé no chão
areia
mar
e perto do mar
um barquinho branco feito de papel
foi minha mãe que fez pra mim
navego no barquinho de papel
até a lua
e quem foi que disse que a lua não encontra o mar?
Nossa Senhora quietinha
ninando Jesus Cristo
e eu que pensava
que era São Jorge que vivia lá
Abro os olhos e não há mais nada
só a mesma fronha do travesseiro
o quadro na parede
o vento pela janela
e a televisão desligada.
Alice Xavier
quinta-feira, 11 de agosto de 2011
Por que eu amo meu marido?
domingo, 24 de julho de 2011
História do Meu Bisavô José Francisco Maciel
Nasci com uma paixão incrível pela música, pela arte e pelas histórias e, sinceramente, não sabia de onde tinha herdado. Sou apaixonada pelo som da sanfona e das cantorias com viola ou violão, tenho mania de desenhar e de caderninho de anotação. Contar histórias, escrever cartas, textos e poesias... minha dedicação.
Eu conhecia tão pouco da história de meu bisavô José, porque não pude conviver com o meu pai. No entanto, sempre me interessei pelas histórias de minha família e tenho um grande amor por todos. Guardo a sete chaves as cartas de meu pai, sua voz em uma fita antiga, escrevo-lhe poemas em noites de solidão, choro quando tio Ailton me liga e contemplo fotografias antigas como terapia pra alma. Reconheço-me em cada rosto, em cada história, procuro saber o nome, abraço com ternura meus velhos tios e primos e estes últimos, podem ter certeza, são os meus melhores amigos.
“Ah bão, né”... como dizia meu bisavô José, é com orgulho que agora conto um pouco do que aprendi sobre ele.
José Francisco Maciel nasceu em vinte e quatro de junho de mil oitocentos e noventa e três, na fazenda Barreiro Vermelho, Município de Crixás, Goiás. Filho de Ângelo Francisco Maciel e Antonina Laurência Seixas, foi batizado em Crixás por Joaquim Xavier Ferreira e sua esposa Maria do Carmo.
Quando tinha dezesseis anos sentiu-se obrigado a sair de seu lar materno a procura de conquistas e dias melhores. Instalou-se em “Goiás-Velho” onde concluiu o primeiro grau, morando e trabalhando como balconista com o senhor André Batista de Alencar. Passou por Ipameri, Morrinhos e Catalão. Exerceu a profissão de delegado de polícia de quarteirão, balconista, secretário de Engenheiro. Sempre foi querido pelos patrões, com os quais aprendeu muito.
Através do seu trabalho como auxiliar de agrimensor em Pires do Rio e Morrinhos tinha acesso a estrada de ferro. Conhecia pessoas de diversos lugares, trazendo as novidades para nossa cidade. Foi ele quem trouxe a primeira escova de dentes para a região.
José casou-se com Carolina Xavier Ferreira, que passou a se chamar Carolina Xavier Maciel. Residiam em Crixás, onde aprendeu um novo ofício, trabalhando como mestre de obras das construções da Lavra, local de extração de grande quantidade de ouro. E por aí seguiu, laborando como comerciante, sapateiro, boiadeiro e fazendeiro. Trouxe para Crixás muitas novidades para a época, diversas qualidades de frutas e flores (abacate, manga, jabuticaba...), Formou um pomar como o nome de “Quinta”. Foi também o primeiro a fazer cerca de arame farpado no município. O arame foi trazido no lombo de burros e cavalos, pois não havia estradas nem carros.
Foi uma pessoa amiga, muito divertida, gostava de contar histórias e piadas. Tocava flauta, gaita, sanfona e cantava. Gostava de ajudar o próximo. Como naquela época não havia nem médicos nem farmacêuticos, ele medicava os doentes com orientações baseadas no livro chamado: “Guia Prático da Saúde”. Como também não havia professores na região, ele fazia “Cartilha manual”, e ensinava os vizinhos a ler, escrever e contar. Acreditava no futuro, e por isso se empenhava em construí-lo, enfrentando barreiras, inclusive físicas, para contribuir da melhor forma possível. Gostava de se manter informado, principalmente sobre a política de seu país, assunto pelo qual era bastante conhecedor.
José e Carolina casaram-se em 17 de Julho de mil novecentos e dezessete, e em Junho de mil novecentos e dezoito nasceu o primogênito, de muitos filhos, Laudelino Xavier Maciel(falecido), seguido de Nair Xavier Maciel (falecida), Jocelino Xavier Maciel, Jolina Xavier Maciel, Cristiano Xavier Maciel, Leolino Xavier Maciel (falecido), Joaquim Xavier Maciel, Tomaz Xavier Maciel, Arcelino Xavier Maciel (falecido), Jovercina Xavier Maciel (falecida), Antônio Xavier Maciel, Eclair Xavier Maciel, Manuel Xavier Maciel (falecido), Maria Xavier Maciel (falecida), João Xavier Maciel (falecido) e José Maciel Filho.
Era uma família muito alegre, gostavam de festas, de dançar e tocar alguns instrumentos. Tinham em casa cavaquinho, viola, caixa, pandeiro e sanfona. Uma família frondosa que admiro e amo muito, fruto do amor e da perseverança de José Maciel e Carolina.
José Maciel veio a falecer em vinte de dezembro de 1964. Foi bom esposo, filho, pai, sogro, avô e bisavô; Bom amigo e grande conselheiro. Faleceu na Fazenda Santo Antônio da Boa Vista, onde residia. Deixou muita saudade, de filhos, genros, noras, netos, bisnetos e filhos adotivos, demais parentes e amigos.
Creio que haja diversas histórias sobre a vida deste homem que fez história por sua postura inovadora e carismática. É nobre a reunião desta família para recordar e homenagear quem nos dá identidade, raiz, união através da força e do amor. Segundo depoimento do meu tio Ailton, vô José era uma pessoa muito organizada e avançada para a época. Confeccionava botinas e chinelos usados por toda a família. Além de calcados, ele fazia bolsas e cabeçadas (que seriam usadas em cavalos).
Ensinava os filhos a rezar e os reunia ao luar para contar histórias de sentido educativo. Ao contar um caso, parava por um instante, puxava o cigarro de palha para a direita e para esquerda e ao continuar dizia “Abão Né” e prosseguia.
Creio que Vó Carolina não era diferente das outras avós: esperta, brava, mas muito bondosa e carinhosa. Tenho certeza que Tio Zequita e Tio Ailton ainda se recordam, com saudade, do grande banco de Jatobá, onde brigavam pelo colo da vó, na cozinha do Sítio Santo Antônio da Boa Vista.
Vó Carolina, quando viajava, ia na frente com o seu cavalo “Sereno”, um dos cavalos em quem meu pai e meu tio, gostavam de montar. E é assim que imagino o meu bisavô e a minha bisavó: no lombo de um cavalo, ensinando os netos a cavalgarem, rumo ao mundo, em busca de conhecimento e transformação, mas também em busca do sentido da vida, da valorização da família, do amor, de Deus.
Que essa família cresça sempre unida, no amor e no respeito, mas sempre consciente das verdadeiras origens, recordando com carinho e seguindo os bons exemplos do nosso grande homem José Francisco Maciel.
Um grande abraço a todos e que, de uma forma ou de outra, possamos estar sempre juntos. Quem sabe um dia, debaixo de uma árvore, ao luar, pra contar histórias...
sábado, 23 de julho de 2011
Reencontro
Meu amor é como o sossego em noites de lua cheia, quando o azul do céu se encontra com o azul do mar, e o canto das ondas silencia a minha alma.
Alice Xavier
sábado, 16 de julho de 2011
Menino Passarinho
Quando menina, estudei dois anos em uma escola pública de Goiânia. Na escola, tinha um grupo de coral em que eu entrei logo, logo, já que era o meu sonho saber cantar. A primeira música que aprendi foi "Prelúdio pra ninar gente grande", de Luiz Vieira, que fala de um menino passarinho. Essa música marcou minha vida para sempre, talvez porque essa ideia de ser passarinho, ou de querer voar, sempre esteve presente comigo. Até hoje, sonho que estou voando, sobre o mar, sobre as árvores, longe das multidões e dos edifícios que cobrem as estrelas.
Minha prima e melhor amiga Ana adorava me ouvir cantá-la e me pedia sempre pra que eu cantasse pra ela, tocando no violão. Quando Aninha morreu, aos vinte cinco anos, lhe escrevi uma poesia, que também se chamava 'menina passarinho'. Porque eu sonhava com ela sobrevoando as nuvens, cantando a mesma canção. Nos sonhos, eu lhe oferecia rosas, e as rosas nasciam em seu jardim.
Há pouco tempo, minha amiga e professora do mestrado, também grande escritora Maria Sueli de Regino, publicou um novo livro: 'Menino Passarinho". Imaginem a minha euforia e a minha vontade de ler o seu livro. E para minha alegria, ela deu um exemplar para meu filho Luis Felipe, porque, como ele ama Mitologia Grega, iria adorar a parte em que ela conta a história do Minotauro, de Teseu e Ariadne.
Depois do Luis Felipe, tive o prazer de ler a história. E enquanto eu lia, eu, simplesmente, voava. Como se a história me levasse pra o habitat natural dos pássaros, sem prédios, nem poluição. Para a paz verdadeira, um vento calmo e tranquilo como o das manhãs. Canto de passarinho era o que eu ouvia e por mais que a triste realidade de uma criança abandonada estivesse ali, estava também a esperança, a luz que persiste na alma humana e também na coragem de quem faz educação de verdade.
Queria essa coragem e a dedicação de Mariana, ou a pureza de Curió ou ainda o amor tão verdadeiro de seu Vicente, aquela vontade imensa de viver e a certeza de que os sonhos se realizam. Que bom poder aprender com eles, voar com eles nessa aventura linda e merecedora de todos os aplausos e coro de passarinho.
Sueli, muito obrigada!
Alice Xavier
sexta-feira, 1 de julho de 2011
Minha vida segundo Jim Morrison
(Gostei da brincadeira!)
Você é um homem ou mulher: L.A. Woman
Descreva-se: Wild Child
Como você se sente: Five to One
Descreva o local onde você vive atualmente: Love Street
Se você pudesse ir a qualquer lugar, onde você iria? Alabama (Song)
Sua forma de transporte preferido? The Crystal Ship
Seu melhor amigo(a): 4 Billion Souls
Você e seu melhor amigo(a) são: Riders on the Storm
Qual é o clima: Touch me
Hora do dia favorita: The end
Se sua vida fosse um programa de TV, como seria chamado: Hello, I love you
O que é vida para você: A feast of friends
Seu relacionamento: Light my fire
Seu medo: when the music's over
Qual é o melhor conselho que você tem a dar: Break on Through (to the Other Side)
Pensamento do Dia: You are Lost Little Girl
Seu lema: Love me Two Times
segunda-feira, 6 de junho de 2011
Levanta Poeira
"Quero meu forró morando na literatura e desenhando arquitetura na cultura popular"
Assim que cheguei aqui, sábado dia 04 de Junho, me encantei com as casas enfeitadas de bandeirinhas e balões de São João. O envolvimento dos sergipanos com as festas de junho é imenso e eu não imaginava quão interessante era isso. Soube, então, que haveria em Japaratuba, pequena cidade há 60 km de Aracaju, a final do concurso de quadrilhas Levanta Poeira. Conhecendo minha simpatia, meus amigos fizeram questão de me levar até lá para prestigiar o evento. Só por isso já valeu meu passeio, minha vinda até aqui.
Os dançarinos eram pessoas simples. Estampavam no rosto, além da maquiagem tão bem desenhada e cheia de brilhos, a ansiedade e o nervosismo pela apresentação que fariam. As roupas entregavam o talento artísitico, na confecção de cada escolha de tecido, do entermeio das cores, do brilho e dos babados que faziam girar as damas numa harmonia perfeita, num movimento que encanta quem está assistindo e contagia os nossos próprios quadris. A minha vontade era de me misturar aos grupos, arrumar um par e dançar também. Impossível. As coreografias eram muito bem ensaiadas e todos os pares formavam a combinação exata para a realização plena da quadrilha.
Para cada grupo participante, um cenário diferente, com chita, “boi da cara preta” e muita música, forró e percussão. Cada apresentação uma história, uma encenação. Os dançarinos se transformavam em atores: noivos, padres, cangaceiros e as cores do Brasil sempre em exaltação. Em cada rosto, um sorriso aberto, sincero, uma energia boa de quem sentia alegria. Alegria verdadeira, satisfação em estar ali dançando, não em busca apenas da vitória, mas participando com amor e devoção por sua cultura, como os velhos carnavalescos em dias de carnaval.
De máquina na mão, eu fotografava tudo, cada detalhe das roupas e acessórios, o cenário tão bem montado, o boi que se agitava no meio do salão. E os dançarinos pousavam pra mim como seu eu fosse levá-los para o mundo, com quem pedisse pra que eu divulgasse a sua arte, a sua música e a sua cultura, tão brasileira e tão pouco conhecida por nós brasileiros, costumados a computador, carne e celular.
sexta-feira, 22 de abril de 2011
Semana Santa
Quando criança, eu acompanhava minha avó nas andanças pela Igreja. Novenas, orações, visitas e procissões. Missas durante a semana, festas de Trindade, canções. Cresci nas catequeses, de Biblinha na mão, terço na cabeceira da cama, novenas de Natal e luz de vela. Aprendi a acreditar na morte de Jesus como minha e a renascer com Ele ao final das quaresmas. A queimar os velhos sentimentos e a ressurgir do fogo. O mito do sacrifício me percorria, me ungia o peito, e eu, devoção e lágrimas. Com o tempo, questionei a Igreja, seus dogmas, suas regras, seus rituais. Sofri quando questionei Deus, sua existência e todo a cosmogonia católica. Abandonei minha vó nas suas perigrinações até o Altar. No entanto, Deus estava presente em mim. Ainda buscava por Ele como meu sustento, meu ar, a força que me faltava, a solução para meus problemas. Talvez NEle eu encontrasse meu pai, ainda a me abençoar, a me amar. Conheci o espiritismo, o kardecismo e os centros de umbanda; os anjos e seus mistérios, os rituais do amor, as velas e os incensos; a universidade e os movimentos estudantis, a cerveja, o cheiro da droga que, felizmente, recusei a usar. Apaixonei-me tantas vezes e amei, e me embriaguei ouvindo The Doors, Live, Bush... as óperas, as músicas eruditas. A música enfim, tocada e cantada por mim num sentimento mórbido, mas sincero. Sofri por amor, por ser diferente na minha família, porque vivia num mundo que só a lua habitava. Mas eu lia os salmos e acreditava. Eu sentia Deus.
Conheci meu marido e com ele, sua crença, baseada nos mistérios da oaska e me perdi ali por um tempo, porque queria fazer parte de seu mundo, respeitar sua vontade. Perdi-me porque conheci a pior das depressões, das dores de cabeça, dos choques nos ouvidos, das alucinações. Perdoe-me quem acredita, amigos e familiares do meu marido, mas esta é a minha opinião. Um dia fui com meu padrinho - pai que ganhei ao longo da vida - ao alto do São Francisco na cidade de Goiás, dar início à procissão do fogaréu. A emoção que senti foi inigualável e é inesquecível. Ali descobri: meu mundo estava ali, minha crença, meu sangue com a tocha acesa entre a procissão. Por causa do chá, quase perdi meu filho pelas entranhas, com sangue e dor. Loucura, decidi por mim.
Depois de casada, com o Thiago nos braços, alívio. Abandonei a tal religião e voltei a ser eu. Voltei a frequentar a Igreja e passei a separar o que eu não concordava e o que eu não acreditava do que realmente valia pra mim. Com o tempo, meu marido me acompanhou, embora não tenha esquecido suas origens e nem é isso que eu desejo. Caminho com meus filhos pelo caminho de minha avó, porque não quero que eles conheçam os caminhos árduos por quais passei. E eles vem aprendendo a também ter fé, o que é alívio para uma mãe, que não poderá protege-los para sempre.
Enfim... Eu tenho fé e me orgulho disso. Levo comigo o que aprendi com o espiritismo, como a reencarnação e as coisas do espírito e, embora eu conheça os mitos e estude filosofia, história, literatura, ..., questionando sempre a veracidade da Bíblia e da Igreja, eu sei sentir Deus. E preciso da religião pra ter força, apoio, fé viva. Como disse, eu sei separar as coisas. Ainda me emociono no caminho das procissões e desejo morrer com Cristo pra renascer novamente, alguém melhor, mais feliz, com mais amor e menos preocupada comigo mesma, em busca da felicidade que está naquilo que Deus me ensinou: amar ao próximo como a mim mesma e a Deus, sobre todas as coisas.
Feliz Páscoa!
Alice Xavier
terça-feira, 19 de abril de 2011
Tem dias que a gente chora
sexta-feira, 8 de abril de 2011
Massacre na Educação Brasileira
terça-feira, 5 de abril de 2011
Meus leitores favoritos
domingo, 3 de abril de 2011
De todo coração
No coração
a carne sangra
facas amoladas descansam sobre a mesa
de dentro dele escorre o vento
a derramar as folhas do último outono
da boca suspiram os sentimentos
todos dilacerados
salgados
pelas lágrimas que descaem pelo rosto
assim como os lagartos,
depois de um tempo
ele se regenera,
o coração
mas jamais será como antes:
dos cortes,
a cicatriz
e no peito, jaz pequenino.
Alice Xavier
domingo, 27 de março de 2011
De volta pra casa
domingo, 13 de março de 2011
Aonde está a sua felicidade??!!
terça-feira, 1 de março de 2011
Pra se ter esperança...
Que a dor da saudade seja apenas um suspiro
que o silêncio que jaz sobre os olhos d'água
não esqueça os risos altos
nem a voz
o canto de outrora
Que o peito doente
da dor que punge
não seja somente esse mar de lama escura
mas o abrigo
que acolhe a luz dos que esperam
um único abraço
a última dança
sobre as pedras daquele caminho
que enfeitamos um dia
de pedrinhas de brilhante.
Que minhas mãos
sempre vazias das suas
preencha de vida os teus sonhos
pra que o amor
da gente se sustente
em luz
Quisera Deus só mais um minuto
pra dizer num beijo
o que meu coração suplica
pra não chorar mais
pra te desejar em prece genuína
amor e paz.
Alice Xavier
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
Ter irmã
Ter irmã é de repente recordar a amizade mais linda, os tempos da infância que não voltam mais. Agarro-me saudosa nas melhores lembranças, pra jamais esquecer minhas melhores amigas. Penso nas cadeiras empilhadas formando casas de boneca, nas gargalhadas infindas ao anoitecer. Nós em cima da cama, pulando ou dançando, sonhando acordadas... coisinhas de mulher. Contando as façanhas do dia ou se escondendo debaixo dela, pra encontrar o mistério das brincadeiras e o nosso eterno sorriso de criança.
Guardo na memória as músicas, o cantarolar. O teclado envergonhado, o diário escondido, o violão exagerado... Tento esquecer os desentendimentos, as palavras ardidas e as feridas que não existem mais. Esqueço. Peço perdão e perdôo. Não há sentimento melhor no mundo que saber quão grande é o nosso amor.
Ter irmã é subir em árvores, ouvir novamente os gritos, dançar em câmera lenta quando a saudade aperta. Recitar um poema, em voz baixa, ouvir uma música e chorar. Choro de alegria, nostalgia, certeza do bem viver.
Queria dizer isso todos os dias, mesmo quando não sou tão bem vinda. Só por vocês, já valeu a vida, os sonhos meus, a arte, as palavras. Todo sentimento vem daquilo que inventamos como pacto, no olhar que só nós conhecemos.
Do meu jeito tão diferente, caminho feliz. Se o tempo ou se o espaço não nos são comuns, resta o abrigo que nos acolhe, debaixo de nossos corações. Se escrevo poemas, pinto um quadro ou invento canções, deleito-me em meu próprio jardim. Mas não há poesia sem vocês. Sigo encantada ao lado seus.
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
Faço versos...
Tem dias que eu faço verso
só por fazer apenas
olho seus olhos e sinto
que o verso não é meu
mas todo seu
Se queres silenciosamente me dizer
o que me vale a boca
cala tua voz e me olha
como estrela a vagar só no céu
arranca de mim o sonho
e traz a realidade do beijo
nesse meu coração incerto,
tão puro
e desejoso do seu.
quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
Era uma vez...
Eu estava organizando caixas, pastas, documentos e velharias, quando achei esse poema, escrito há alguns anos...
Era uma vez uma criança perdida
perdida no tempo de uma saudade
saudade do tempo da infância querida
do brinquedo escondido na felicidade
Era uma vez um menino crescido
que de criança não tinha nada
guardava lembranças de um tempo querido
e mesmo homem, brincava, brincava
Um dia se esqueceu que era velho
chutou bola, soltou pipa, pulou e correu
esqueceu da saudade e da vida
deitou no tempo e morreu.
Alice Xavier
domingo, 9 de janeiro de 2011
É quando eu sinto o cheiro da vida
quando ainda não ligaram a televisão
nem estão ouvindo o som no último volume
nem estão rindo às gargalhadas as besteiras
costumeiras de si mesmos
é quando eu me recordo
o sábado passado
as conversas fiadas,
as interessantes,
as reveladoras.
O riso dos amigos
os copos na pia
abraços de saudade.
É domingo de manhã
que mesmo não tendo chuva
eu sinto o cheiro dela
quando o vento me acorda pela janela
ou os meninos vem me beijar
ainda estou sonhando com sabe lá o quê
e me deleito em seus braços até sabe lá que horas
porque domingo é sempre de manhã
não tenho relógios.
Abro as cortinas
a luz do dia purifica minha casa
para que eu recomece
do senso de gratidão
do conhecimento recebido
do amor compartilhado
da sensatez dos passarinhos ao vento anunciando um novo dia
pra que eu seja diariamente feliz.